Tenho voltado a sonhar, tenho voltado a me lembrar. Estava difícil dormir, mas o desejo é como uma âncora que agora, ao encostar no fundo, começa de fato a puxar o barco.
Escrevo sem pudor, escutando o melhor rock, que me lembra de você. Mas, por ironia, tem mais a ver comigo. Ainda guardo coisas suas na minha casa. Ainda guardo coisas suas em meus sonhos, coisas que nunca terei coragem de dizer. Se disser, estarei mentindo ou estarei fantasiando. Está muito no fundo para sequer saber o que é real; “é tudo luz e sonho”!
Mas ainda sim tenho vontade de dizer, dizer que o que guardo aqui é inerte, apenas uma lembrança como se fosse um trailer, o mais breve possível do que é eu em você: uma blusa sem cheiro, uma carta com lágrimas secas, uma música da qual já não sei mais nem o tom…
Mas o que quero dizer, com o que tenho sonhado? Já não existe mais sujeito nem objeto que possa ouvir e entender. As palavras não fariam sentido, no mais perfeito sentido literal da palavra, sentido…
Me sinto debaixo d’água o tempo todo, sem me afogar, mas também sem poder respirar.
Leonardo Bezerra -